top of page

Autismo: quais são os principais sinais de alerta?

Atualizado: 12 de nov. de 2023





Por : Jéssica A. Gomes de Sá Silva l Psicóloga Clínica Infantil e da Adolescência CRP: 06/140340


Atualmente muito tem se falado sobre o Transtorno do Espectro do Autismo

(TEA), porém poucas pessoas sabem realmente do que se trata e os principais aspectos envolvidos no espectro. Muitos resumem o autismo a atraso na fala e

pessoas que “vivem no seu mundo”, porém vai muito além disso.

É importante que se tenha em mente que as pessoas que estão no espectro

são muito diferente uma das outras.


Nesse texto, pretende-se informar sobre os sinais de alerta que podemos perceber no desenvolvimento de uma criança que podem indicar algum déficit em algumas áreas.


O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é considerado um transtorno do

neurodesenvolvimento. Nele há uma alteração que ocorre dentro do cérebro e

as conexões entre os neurônios ocorrem de forma diferente. De acordo com o

DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) os critérios

para o diagnóstico foram divididos em dois grandes grupos:

(a) Déficits persistentes na comunicação e na interação social verbal e não

verbal em múltiplos contextos e

(b) Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou

atividades.



Dentro destes dois grandes grupos, há sintomas mais específicos. São eles:

Déficits persistentes na comunicação social e na interação social em

múltiplos contextos

1. Dificuldade no contato visual. Geralmente não olham diretamente para

os olhos do outro.

2. Dificuldade no uso de gestos e expressões faciais

3. Dificuldade em fazer amizades e no brincar.

4. Dificuldade de compreender emoções e sentimentos relacionados ao

outro.

5. Não demonstram interesse por coisas que outras crianças propõem

(brinquedos ou brincadeiras que não sejam do seu interesse.

Geralmente não brincam com os brinquedos de forma funcional, por

exemplo, não empurram um carrinho como se ele estivesse andando e

sim ficam girando a roda do carrinho por bastante tempo, ou enfileirando

os carrinhos.

6. Aproximação social de uma maneira não natural, “robotizada”.

7. Demonstrações de pouco interesse no que o outro está sentindo.

8. Dificuldade em iniciar ou responder a situações sociais. Na infância, não

iniciam uma brincadeira com seus pares e quando são chamados para

interagir, não respondem.

9. Dificuldade para entender linguagem não verbal de outras pessoas

(gestos, expressões faciais e etc).

10. Dificuldade em se adaptar a diferentes situações sociais. Exemplos:

dividir brinquedos, brincar com personagens imaginários, ganhar e

perder, trocas de turno (minha vez, sua vez), etc.


Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou

atividades.


1. Movimentos, uso de objetos ou fala estereotipados ou repetitivos (por

exemplo, estereotipias motoras simples, entre elas: alinhar brinquedos

ou girar objetos, pegar bonecos ou objetos e jogar repetidas vezes sem

um fim definido, repetir frases de desenhos sem contexto ou sem função

de interação social. Estereotipias são definidas como movimentos

repetitivos sem uma função socialmente clara.

2. Insistência em rotinas, rituais de comportamento padronizados, fixação

em temas e interesses restritos. (Ex: falar de dinossauros ou algum

personagem especifico repetidas vezes e não se interessar por nenhum

outro assunto)

3. Estereotipias motoras, movimentos repetitivos com o corpo ou com as

mãos, tais como abanar as mãos, pular, rodar, bater as mãos, alinhar

objetos, empilhar etc.

4. Angustia extrema com pequenas mudanças na rotina. Mantem os

mesmos costumes diariamente, e muitas vezes se irritam quando

alguma coisa não sai como o esperado.

5. Forte apego a objetos, permanecendo bastante tempo observando ou

usando um mesmo brinquedo ou segurando o dia todo algo que caiba

nas mãos. Não compartilha esse objeto com o outro, nem para apenas

mostrar.

6. Alterações sensoriais, ou seja, na sensibilidade. Exemplos: sensibilidade

a barulhos, cheiros, texturas de objetos ou alimentos, demonstrar grande

interesse em luzes, brilhos e movimentos repetitivos como ventilador.

Esses estímulos podem deixá-los muito interessados ou muito irritados.

7. Podem demonstrar pouca sensibilidade a dor. Alguns pais percebem

que mesmo que a criança caia ou se machuque muitas vezes não chora

e não reclama de dor.


“Embora haja, entre a população leiga, um “senso comum” de que autistas são

pessoas com capacidades cognitivas e intelectuais muito acima da média e

algumas vezes sendo retratados como verdadeiros gênios na mídia, é sempre

importante frisar que apenas uma pequena parte das crianças com TEA

apresenta uma habilidade prodigiosa ou mesmo uma capacidade extraordinária

específica. Portanto, essa crença não pode ser generalizada. Estudos

demonstram que um número considerável destas pessoas apresenta

comorbidades, com transtorno do desenvolvimento intelectual. E, por isso

mesmo, dificuldade em diversas áreas do desenvolvimento, o que compromete

sua autonomia e rendimento pedagógico.” (LIBERALESSO, 2020)


Quanto antes esses sinais forem identificados, seja pelos pais, professores ou

profissionais que acompanham a criança, mais chances de ganhos cognitivos e

sociais ela terá a oportunidade de ter com os tratamentos adequados baseados

em evidências científicas.

Não deixe de procurar ajuda especializada o quanto antes!



Fontes:

DSM-IV – Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Porto

Alegre: Artes Médicas, 1995.

LACERDA, Lucelmo; LIBERALESSO, Paulo. Autismo: Compreensão e Praticas

Baseadas em Evidências. Curitiba: ed. 1, 2020.

SILVA, Ana Beatriz Barbosa et al. Mundo Singular. Rio de Janeiro: ed 1, 2012.

 
 
 

Comments


bottom of page