Autismo: quais são os principais sinais de alerta?
- Cibeli Brandão Psicóloga
- 30 de mai. de 2023
- 3 min de leitura
Atualizado: 12 de nov. de 2023
Por : Jéssica A. Gomes de Sá Silva l Psicóloga Clínica Infantil e da Adolescência CRP: 06/140340
Atualmente muito tem se falado sobre o Transtorno do Espectro do Autismo
(TEA), porém poucas pessoas sabem realmente do que se trata e os principais aspectos envolvidos no espectro. Muitos resumem o autismo a atraso na fala e
pessoas que “vivem no seu mundo”, porém vai muito além disso.
É importante que se tenha em mente que as pessoas que estão no espectro
são muito diferente uma das outras.

Nesse texto, pretende-se informar sobre os sinais de alerta que podemos perceber no desenvolvimento de uma criança que podem indicar algum déficit em algumas áreas.
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é considerado um transtorno do
neurodesenvolvimento. Nele há uma alteração que ocorre dentro do cérebro e
as conexões entre os neurônios ocorrem de forma diferente. De acordo com o
DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) os critérios
para o diagnóstico foram divididos em dois grandes grupos:
(a) Déficits persistentes na comunicação e na interação social verbal e não
verbal em múltiplos contextos e
(b) Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou
atividades.

Dentro destes dois grandes grupos, há sintomas mais específicos. São eles:
Déficits persistentes na comunicação social e na interação social em
múltiplos contextos
1. Dificuldade no contato visual. Geralmente não olham diretamente para
os olhos do outro.
2. Dificuldade no uso de gestos e expressões faciais
3. Dificuldade em fazer amizades e no brincar.
4. Dificuldade de compreender emoções e sentimentos relacionados ao
outro.
5. Não demonstram interesse por coisas que outras crianças propõem
(brinquedos ou brincadeiras que não sejam do seu interesse.
Geralmente não brincam com os brinquedos de forma funcional, por
exemplo, não empurram um carrinho como se ele estivesse andando e
sim ficam girando a roda do carrinho por bastante tempo, ou enfileirando
os carrinhos.
6. Aproximação social de uma maneira não natural, “robotizada”.
7. Demonstrações de pouco interesse no que o outro está sentindo.
8. Dificuldade em iniciar ou responder a situações sociais. Na infância, não
iniciam uma brincadeira com seus pares e quando são chamados para
interagir, não respondem.
9. Dificuldade para entender linguagem não verbal de outras pessoas
(gestos, expressões faciais e etc).
10. Dificuldade em se adaptar a diferentes situações sociais. Exemplos:
dividir brinquedos, brincar com personagens imaginários, ganhar e
perder, trocas de turno (minha vez, sua vez), etc.
Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou
atividades.
1. Movimentos, uso de objetos ou fala estereotipados ou repetitivos (por
exemplo, estereotipias motoras simples, entre elas: alinhar brinquedos
ou girar objetos, pegar bonecos ou objetos e jogar repetidas vezes sem
um fim definido, repetir frases de desenhos sem contexto ou sem função
de interação social. Estereotipias são definidas como movimentos
repetitivos sem uma função socialmente clara.
2. Insistência em rotinas, rituais de comportamento padronizados, fixação
em temas e interesses restritos. (Ex: falar de dinossauros ou algum
personagem especifico repetidas vezes e não se interessar por nenhum
outro assunto)
3. Estereotipias motoras, movimentos repetitivos com o corpo ou com as
mãos, tais como abanar as mãos, pular, rodar, bater as mãos, alinhar
objetos, empilhar etc.
4. Angustia extrema com pequenas mudanças na rotina. Mantem os
mesmos costumes diariamente, e muitas vezes se irritam quando
alguma coisa não sai como o esperado.
5. Forte apego a objetos, permanecendo bastante tempo observando ou
usando um mesmo brinquedo ou segurando o dia todo algo que caiba
nas mãos. Não compartilha esse objeto com o outro, nem para apenas
mostrar.
6. Alterações sensoriais, ou seja, na sensibilidade. Exemplos: sensibilidade
a barulhos, cheiros, texturas de objetos ou alimentos, demonstrar grande
interesse em luzes, brilhos e movimentos repetitivos como ventilador.
Esses estímulos podem deixá-los muito interessados ou muito irritados.
7. Podem demonstrar pouca sensibilidade a dor. Alguns pais percebem
que mesmo que a criança caia ou se machuque muitas vezes não chora
e não reclama de dor.
“Embora haja, entre a população leiga, um “senso comum” de que autistas são
pessoas com capacidades cognitivas e intelectuais muito acima da média e
algumas vezes sendo retratados como verdadeiros gênios na mídia, é sempre
importante frisar que apenas uma pequena parte das crianças com TEA
apresenta uma habilidade prodigiosa ou mesmo uma capacidade extraordinária
específica. Portanto, essa crença não pode ser generalizada. Estudos
demonstram que um número considerável destas pessoas apresenta
comorbidades, com transtorno do desenvolvimento intelectual. E, por isso
mesmo, dificuldade em diversas áreas do desenvolvimento, o que compromete
sua autonomia e rendimento pedagógico.” (LIBERALESSO, 2020)
Quanto antes esses sinais forem identificados, seja pelos pais, professores ou
profissionais que acompanham a criança, mais chances de ganhos cognitivos e
sociais ela terá a oportunidade de ter com os tratamentos adequados baseados
em evidências científicas.
Não deixe de procurar ajuda especializada o quanto antes!
Fontes:
DSM-IV – Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1995.
LACERDA, Lucelmo; LIBERALESSO, Paulo. Autismo: Compreensão e Praticas
Baseadas em Evidências. Curitiba: ed. 1, 2020.
SILVA, Ana Beatriz Barbosa et al. Mundo Singular. Rio de Janeiro: ed 1, 2012.
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